sexta-feira, 19 de agosto de 2016

POESIA - TROPEÇAM AS COISAS - THIAGO LUCARINI



Tropeçam os faróis caindo
No mar e afogando-se no sal.

As rosas cortam seus pulsos
Nos espinhos esvaindo-se do perfume.

As borboletas calejadas sacodem
Suas cores deixando-as no chão cinza.

Os pássaros com o último canto
Arrancaram suas asas, não querem mais voar.

As estrelas tombam na escuridão
Curto-circuito no Universo peculiar.

A chuva nega-se a cair
Vergando os pilares do céu.

Os prédios caem de joelhos
Revogando o riste imposto.

Os homens estouram seus sonhos
Feito bombas atômicas nos cérebros.

As orações regressam ao seu suspiro de origem
Negando veementemente consolo à alma.

A morte entediada e cansada entra em greve
Deixando aos vivos o azar da eternidade entre si.

É o fim! É o fim!
Mora a última esperança na inocência,

Pois cabe a esta dar candura
Aos olhos duros e desistentes.

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