O grão de terra
Com sua ilusão
De montanha desfeita
Sonha em incendiar-se
E virar bela estrela
No límpido céu de primavera
Ser uma giganta luminosa
Guia de homens e vaga-lumes,
Tão diferente desta poeira
Terrena, singular e descartável.
Anseia ser algo muito além
Desta restrita imensidão azul orbitante,
Além do raso chão deste planeta.
O grão de terra, pequenino,
Mas ambicioso, sonha sua ilusão
De montanha desfeita.
Porém o mais perto que chegará
Das alfombras do alto céu glorioso
Será a partir das gotas de chuva,
As mesmas insensíveis que desfizeram
Sua montanha materna e o transformou em grão.
Este grão no baixo chão,
Este grão à beira do caminho inútil,
Este grão iludido na senda da sarjeta.
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