sexta-feira, 26 de agosto de 2016

POESIA - COISAS QUEBRADAS - THIAGO LUCARINI

Pouso final no pires
Píer de descarte da xícara
De asa quebrada

Sem outro voo à boca.
Filhote ferido de porcelana
Só chegará ao ninho dos lábios

Pela paciente solidariedade
De mãos em oração côncava,
Em favor, à adversidade.

Mas, pobre da xícara, na vida,
Não há paciência para as coisas quebradas,
Teu último abrigo certamente será o lixo.

Quem mandou quebrar sua asa,
Sua utilidade, e matar teu elegante voo
À boca que descaradamente a usou.

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