No cemitério
Estava a ocorrer
Um rebuliço de morrer.
Os mortos queriam eleger
Um novo governante
Paras as almas andantes.
Numa mixórdia ideológica
Não chegavam nunca a um consenso.
Um morto queria ser melhor que o outro.
Os mortos lunáticos sem descanso e candidatos
Juravam não feder, não ficarem só parados apodrecendo,
Que seus cérebros não eram apenas uma torta de vermes.
Todavia, esqueciam-se que aonde o vento faz a curva
Nenhum algo cresce reto: homens, animais,
Plantas, sonhos, deuses, a morte, os mortos.
A ladainha discursiva durou uma parcela da eternidade,
houveram debates,
Promessas, discursos de mudança da abulia, no fim, o
morto mais maquiado
Fora eleito sem elegia, mas nada, nada mudou no
cemitério de almas penadas,
Pois em suas essências os outros mortos votaram na
ilusão,
Naquele morto que é o espelho de si; o presidente das
almas
Deixadas está tão morto quanto os outros, sem fuga do
sistema.
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