Ali
naquele aquário
De
água rasa e parada
Morosa
com o fundo
De
pedrinhas rosa
Vive
um peixinho Beta
Confinado
em diminuto espaço
Nadando
na redoma líquida.
Neste
berço estático sem embalo
Mortalha
transparente
Onde
tudo é quase morte
E
a vida é facultativa.
Ele,
o beta peixe, filtra
Pelas
guelras inchadas a vida
Do
que é possível morte densa.
Estagnado
em água podre
Solta
suspiros sem bolhas
Praticamente
ignora as necessidades
De
viver, de morrer, de ser.
O
peixe no aquário é louvável
É
um quadro pintado num limbo
Entre
o móvel e o inanimado
O
Beta desenha em curtos círculos
Uma
vida sem escrita
Pois
ela própria se explica
Na
paralisia das águas turvas
E
na soberania do basal em suspensão.
*Poesia publicada na Antologia Goyaz (2015).
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