Observo
disparidades
Um
ex-buquê de rosas vermelhas,
Hoje,
secas e cinzas
Curvadas
pela fatal gravidade
E
seus vermes amanhecidos.
Vermes
rastejam
Na
linha dos olhos
Cavando
buracos
Nas
emoções raras e rasas.
Meu
mundo é um mar
Sem
canto de sereia
No
lugar da areia, sal e cal
Misturados
com terra de cemitério
E
outros vermes substanciais.
Vermes
seguem seu rastejar
Numa
gleba funesta e implacável
Neste
meu corpo apodrecido.
Sinto-os
por toda parte.
Sob
a pele
Atrás
dos olhos
Debaixo
da língua
Entre
os dentes
Nas
paredes dos intestinos
Subindo
pelas pleuras dos pulmões
Alojando-se
no coração e remodelando-o.
Só
o cérebro escapa ileso,
Afinal,
ele tem seus próprios
Vermes-pensamentos.
Os
vermes não me incomodam.
Sendo
comida sou útil em vida
A
algo além de mim.
E
eles, os vermes, me fazem
Ver
disparidades que antes eu não via
Fazendo-me
enxergar a mortalidade
Minha,
sob um aspecto mais humano
E
muito menos artificial.
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