FOTO: Kirsty Mitchell
I
– A Carta de Despedida
Estou
partindo
Pois
não quero mais te fazer sofrer
Desculpe-me
por ter te magoado.
Eu
te amo e sempre te amarei
Mas
não consigo mais viver com essa culpa
Incontestavelmente
prefiro a morte
Esta foi a última vez em que a machuquei.
Acho
que sempre fui um grande covarde
Não
desta vez! Peço seu perdão.
Choro
pelo fim que tivemos
Todavia,
vou em paz, não quero sofrer
Neste
mundo de eternas incertezas.
Beberei
veneno, cortarei os pulsos,
Pularei
do viaduto, me enforcarei, me esforçarei pelo fim:
Desejo
a maior dor possível
Em
retribuição ao mal pago que lhe dei.
De
toda forma, sempre fui um tanto mais triste.
Talvez,
essa seja a sina de ser poeta
E
a morte prematura um fruto inevitável de ser provado.
Nunca
andei em pé de fato, curvado
Rastejei
pela existência, parasitário sentimental.
Peço
a Deus o mínimo de compaixão
E
perdão por não poder fazer parte do seu maravilhosíssimo Céu
Afinal,
sempre coube a mim um destino infernal,
No
qual, estive boa parte em vida.
Sou
filho da desolação e incompreensão
Tenho
imensos buracos incuráveis na alma.
Para
Sempre nunca fez sentindo algum
Infinito
foi somente meu desespero humano.
Cheguei,
aonde, desde o início, achei que terminaria
Suicida,
pecador.
Adeus
minha amada.
Seque
todo o teu pranto profundo,
Pois
não serei mais o motivo dele.
Se
possível for deixo um último pedido:
Ore
por mim junto ao Cristo Salvador
Quando
eu for parte indivisível da sepultura.
II
– O Ato Funesto
Lágrimas
Corda
no pescoço
Cadeira
empurrada
Árvore
cadafalso
O
quebrado
Pêndulo
humano
Pele
rasgada
Traqueia
esmagada
Pulmões
explodem
Em
agonia
A
morte chega
Outro
suicídio
Sem
culpado.
O
corpo balança
Ao
sabor do vento
O
vivo já não existe
E
o morto sorri em paz
Liberto
das obrigações passadas
Não
há pesar, por enquanto.
III
– Encontro
Sem
julgamento
Pelo
menos na morte há pertencimento,
Enquanto,
os vivos não pertencem a nada
Todo
morto pertence a alguém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário