FOTO: Kirsty Mitchell
Os
mortos da primavera
Sorriem
mais e têm menos
Ranço
e azedume
Quase
cheiram bem, quase.
As
flores no caixão
Dos
mortos da primavera
São
as mais vivas e deixam
Os
mortos corados
Mesmo
quando brancas.
Os
mortos do verão
São
moles, preguiçosos
Derretem-se
fácil
São
de areia e sal
Sobem
ligeiros ao Céu
Explodem
como fogos de artifício,
Líquidos
se esvaem rápido
Têm
quase mais alegria que morte
Pois
no sol suam sua tristeza.
Os
mortos do outono
São
introspectivos, não falam
Dormem
demais, sequer sonham
Têm
fina poeira nos olhos.
A
vida não lhes faz falta
Nem
há tanta diferença
Do
vivo que este foi
Do
morto que agora o é.
Sua
seriedade e sonolência
Vem
da semente que se fez
No
encerrar da estação da vida.
Os
mortos do inverno são duros
Perpétuos
perduram-se
Em
lágrimas cristalizadas
Que
não saem pelos olhos
São
internas, cravadas na carne
Espalhando
frio e solidão
Embaixo
e por sobre a pele.
Os
mortos do inverno apesar
Do
distanciamento de tudo
Nada
exigem, nada querem
Morrer
lhes bastou, em vida
Nada
mais os completaram
Tão
agradavelmente quanto à morte.
* Poesia que faz parte da coletânea: Literatura Goyaz Antologia 2015. Organizada pelo Adalberto de Queiroz.
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