sábado, 23 de janeiro de 2016

POESIA - AOS FILHOS QUE NUNCA TIVE - THIAGO LUCARINI



Filhinhos do meu coração
Lamento por não os ter tido. 
Não pensem que o papai não os quis
Pelo contrário, simplesmente tive medo, 
Medo de tudo e de todo o processo
Que é gerar e educar um ou muitos alguéns.
Me pego a pensar em como seriam, 
O que pensariam, como agiriam. 
Se se chamariam: Julia, Bernardo
Maria, Enzo, Lívia ou Eduardo.
Que pessoas se tornariam no dia a dia
Se nós dividiríamos as paixões
Comuns a pais e filhos,
Assim como as desavenças.
Será que me ouviriam?
Pediriam a bênção?
Seríamos amigos ou inimigos?
Imagino portas e mais portas
De possibilidades desenfreadas
Poderia ser eu um militar durão
Ou um pamonha, pangaré e bobão?
Saberia eu ser doce e azedo
Na medida certa e eficaz sem ser neutro?
A vocês filhinhos que nunca tive
Além das minhas covardes dúvidas
E insuficientes desculpas lavadas
Deixo o amor nesta poesia profética
E a explicação derradeira e nada convincente:
“Não os tive por temer não ser um pai.”

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