terça-feira, 13 de outubro de 2015

SONETO - FINADOS - THIAGO LUCARINI

Ninguém veste a morte tão bem quanto o finado
Em seu estado estático de perfeição
O defunto estabelece nova ordem de criação
Cultivando os vermes de sonhos nele enterrados.

O fiando é pouco teatral, a morte é universal
É uma entidade de lágrimas e poeira
Que traz em si a inconsistência passageira
Dos pórticos da carne desfeita e sepulcral.

Rigor mortis, finado sem rigor qualquer
É o mais belo fruto do fim da vida
Colhido na messe derradeira de última ida.

O morto, o finado e o penado são semente
Têm sua própria festa embaixo da terra silente.

Sobre o chão restam os vivos em peleja e saudade.

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