sexta-feira, 30 de outubro de 2015

POESIA - COMPOSTAGEM - THIAGO LUCARINI

O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.
Adélia Prado

Vou catando os destroços
Os pedaços esfarelados
Os cacos quebrados
Aquilo que caiu de mim
Feito uma árvore se desfolhando
Para ser nua no límpido outono.

Vou catando os despojos
Os restos de guerra interna
Os dentes pousados no chão
O líquido jorrado do coração.

Vou catando sem ser estático
Sem deixar nada para adubar
O rastro deixado. Tudo o que caiu
De mim é meu! Serve apenas
Para compostagem própria.


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