quinta-feira, 29 de outubro de 2015

POESIA - PRATA LÍQUIDA - THIAGO LUCARINI

FOTO: Thiago Lucarini

Eu já não sabia se a chuva constante
Vinha das altas nuvens ou de mim.
Não havia mais qualquer diferença
Eu chovia, chovia e chovia
Gotas de prata líquida
Desfazendo a alma
Em pura água sem ofício
Água que não mata sede
Nem abastece rios ou mares.
Essa chuva é de mim para mim,
Alaga apenas este corpo seco,
Molha os pulmões cinzentos
E quase afoga o coração.
Sou uma chuva persistente
Sem previsão de passar.
Estes olhos são a parada derradeira
Destas águas melancólicas e internas.
Só me resta chover, na esperança

De algum dia ser tempo de sol. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário