FOTO: Thiago Lucarini
Todas
as coisas afiadas cantaram
Uma
sinfonia aguda e cortante.
Os
gumes vibraram em harmonia
Ressoando
o aço inoxidável
Ora
cego, ora surdo, ora afiado.
O
fio assobiante do corte
Mordeu
o tempo moroso,
Mordeu
a carne não comportada
Com
notas de falsa cortesia.
Contudo,
o corte fora limpo e preciso
Sem
mácula ou desilusão
Matou
de uma vez só, certeiro,
Sem
derramamento de sangue inútil.
As
lâminas continuam famintas
No
seu tilintar de canto ao vento
Arauto
para carne mole e viva
Ou
fria em rigor mortis, o último rigor,
E
outras coisas duras desavisadas.
Pois
as lâminas quando cantam
Estremecem
as altas nuvens
E
o ácido fundo do poço.
Cortam
tudo, absolutamente tudo
Diante
do seu som desprovido de piedade.
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