FOTO: Thiago Lucarini
tudo se foi; o próprio odor das rosas
morreu nos braços do ar que as adorava.
Edgard Allan Poe
Este
seio feminil que não dá leite,
Mas
empedrado sangra dolente
Sobre
as flores brancas e mortas
A
beira da ácida sepultura
Que
exala cheiro de lácteo azedo.
Este
seio vernal escolheu a castidade,
A
retidão e a abdicação; é penitente
Nato,
antinatural, sem apego.
Sobram-lhe
as moscas e feridas
Na
pele lisa. Mastite contínua e triste
E
por isso, chora sangue coagulado
Alimento
dos santos mortos fadados ao árduo
Fardo
de desaparecer sem deixar vestígios.
O
sangue que pinga do alto seio
Lava
os pecados do corpo virginal
Em
purgação escolhida e bela
No
intuito de a alma viver
Na
Glória improvável das estrelas,
Como
um amante que leva tudo
Numa
abjeta promessa de amor.
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