quarta-feira, 28 de outubro de 2015

POESIA - CORAÇÃO ARTIFICIAL - THIAGO LUCARINI

Medicado com ópio e lítio
Pílulas de felicidade fabricada,
O poeta segura, empunha
A espada e o bálsamo
Recebendo a alcunha
Distinta e instintiva
(de outrem)
De nobre vagabundo.
Emblema, este, inexato
Mancha no imaculado.
Afinal, o poeta gira
O maquinário industrial
Sem um coração artificial
Mas sentimental,
Moendo homens
Carne rasa de gado
E deuses castigados em santidade.
Utopia concreta, eufórica
Sem freio é diabólica
Repleta de pecados bêbados de fel.
Coroada com espinhos
Fica de joelhos e é crucificada
Assim, ganha um corpo
Substancial e santo.
Última pena de escrever, de dor
Pena Capital para as artérias
Do coração poético e utópico
Para se ter um epitáfio

E enfim, elevar-se ao céu.

* Poesia que recebeu DESTAQUE ESPECIAL no certame de poesia da Editora Literata.

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