terça-feira, 1 de setembro de 2015

POESIA - HULHA - THIAGO LUCARINI

É mesmo o negro do carvão.
O negro da hulha. Do coque.
Negro que pode haver na pólvora:
negro da vida, não de morte.
João Cabral de Melo Neto

Escavei meu corpo-mina
Hulhífero em busca de pedra preciosa.
Achei sangue coagulado nas artérias
Intestinos lisos, absorventes de nutrientes
Porém baratos e pouco cheirosos.
Achei um fígado líquido
Um pâncreas sem insulina
Os rins sem filtração
Um estômago vazio.
Subindo deparei-me com um cérebro-usina
Com baixa produção de energia.
Descontente, no meio de mim, encontrei
Petrificada uma hulha vermelha.
Cristalizado e eterno, joia do corpo
Meu coração duro, negro como carvão

Todavia, totalmente poético e pulsante.


Nenhum comentário:

Postar um comentário