É mesmo o negro
do carvão.
O negro da
hulha. Do coque.
Negro que pode
haver na pólvora:
negro da vida, não de morte.
João Cabral de
Melo Neto
Escavei
meu corpo-mina
Hulhífero
em busca de pedra preciosa.
Achei
sangue coagulado nas artérias
Intestinos
lisos, absorventes de nutrientes
Porém
baratos e pouco cheirosos.
Achei
um fígado líquido
Um
pâncreas sem insulina
Os
rins sem filtração
Um
estômago vazio.
Subindo
deparei-me com um cérebro-usina
Com
baixa produção de energia.
Descontente,
no meio de mim, encontrei
Petrificada
uma hulha vermelha.
Cristalizado
e eterno, joia do corpo
Meu
coração duro, negro como carvão
Todavia,
totalmente poético e pulsante.
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