segunda-feira, 14 de setembro de 2015

POESIA - O ROSTO DO MORTO - THIAGO LUCARINI

O tempo encarrega-se
De apagar o rosto do morto.
Um, dois, dez, vinte anos
É possível lembrar-se das mãos
Dos pés, do corpo, mas não do rosto.
Os ponteiros retalham o defunto e
Igualmente olvida-se a voz,
O cheiro, a sensação do toque.
O tempo devora as faces opacas
Antes amadas, depois da sepultura
Igualmente faminta, faz do rosto
O esquecido, lembrado na foto
Enquanto ainda sorria e não era

Um espaço vago na memória.

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