Do silêncio deste teclado
Saem escandalosas palavras.
Navego pelas ondas cibernéticas
Na busca pela felicidade frenética.
Mendigo migalhas de santas curtidas,
Partilho minha alma vaga com quem,
De fato, não me conhece, mas me dá likes.
Meu céu é um pedaço de tela azul.
Sou igreja para seguidores
Sem fé em si, em nós, em tudo.
Sou um produto, uma fantasia,
Limpa, cheirosa e fatídica.
Nada consta de prejudicial
Na minha orquestrada timeline.
Sou este algo imparcial, messias,
Primata digital em regressão.
Meu tolo coração iludido
Bate por bytes
de conexão.
Devo ter perdido minha humanidade
No primeiro post
feito há um tempo.
Curvo-me, cara colada no chão,
Oração pelo melhor ângulo e muita notificação.
Religioso avesso, fanático por aceitação,
Meu e-book
do apocalipse chama-se: off-line.
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