O que te inspira? O que te motiva? Estas são simples perguntas retóricas
do discurso. Pensem nisto, por enquanto. Inspirar, do lat. inspirare que quer dizer, resumidamente e metaforicamente: “inalar
as ideias ou sentimentos de outro, ou insinuar algo no coração de alguém.”
Muitos concordam que inspirar é um ato divino, vindo do sagrado, do espírito de
Deus ou de qualquer outra entidade divina pertencente a um culto específico.
Creem que se trate da manifestação da vontade sobrenatural sobre o físico, para
se cumprir suas dissertações empíricas ou artísticas.
Inspirar, certamente, não é uma tarefa fácil no seu exercício diário, no
decorrer dos dias, quando, por vezes, o cansaço ou mesmo o desânimo fala mais
alto dentro de estruturas de ensino desmotivadoras, desinteressantes e
bloqueadoras. Aqui é esperada uma possível iluminação além do humano, ou
simplesmente, da própria magnânima força criativa. Fato: inspirar pessoas é uma
dádiva, independente do crédito a ser dado. Trata-se de uma concepção de bases
teológicas e oníricas, o sagrado racionalizado.
Por berço científico, psicológico e pragmático temos a motivação, a
palavra latina que deu origem a este vocábulo significa mover. Relacionada intrinsecamente a ação e vinculada diretamente
ao mover, ao agir do processo. A motivação é considerada por alguns estudiosos,
depois da inteligência uma das variáveis mais importantes para o desempenho
escolar.
Inspiração e motivação apesar de serem palavras de sentido e bases
distintas possuem uma aplicação símile no cotidiano estudantil e fora dele.
Todo ser humano precisa sentir-se inspirado ou motivado para buscar
autorrealização. Ambas ativam emoções, afetam e estimulam a quantidade de
esforço que uma pessoa dispensará na realização de uma tarefa para alcançar
seus méritos.
Lembrem-se sempre que toda sala de aula é um tecido permeável, cheio de
conexões e trocas em cada ponto da trama, retemos o que nos é valioso, e
deixamos passar os dizeres e ensinamentos aos quais atribuímos um juízo de valor
pejorativo, o taxativo: inútil. O nosso aluno fará isso também. Cabe-nos fazer
o melhor, usando todas as ferramentas que estão ao dispor, sendo o conhecimento
e a ponderação, as maiores delas.
Voltando ao iníco, repito: O que te inspira? O que te motiva? Sendo
redundante e chato agora. O que te inspira? O que te motiva? Bem! Vamos à resposta
pedagógica: o que te inspira e motiva, é, pois, se não um professor que faz com
amor aquilo que se propõe a fazer. Creio eu, que não há nada melhor a ser
ofertado ao aluno, do que este agir afetivo e consciente. Precisamos de
professores que amem aquilo que faz, que são autênticos e verdadeiros em suas
ações. O aluno inspirado/motivado confecciona uma projeção, espelha no mestre a
estética daquilo que ele pode vir a ser com a devida mediação ou estímulo. O
aluno sem inspiração ou motivação não se identifica com a sala de aula ou com o
ensino ofertado, os transformando num conjunto desértico e morto. Neste caso, a
inspiração/motivação será a água que reaviva diariamente as mentes e corações
para as necessidades intrínsecas e extrínsecas de crescimento e desenvolvimento.
Portanto, meu desejo a todos nós: Inspirem! Motivem! Tanto faz ser de
cunho onírico ou pragmático, só não façam da sala de aula um espaço mecânico e
estéril. Guardem na lembrança a fertilidade das aulas que um dia os
engrandeceram. Criem da força da palavra, das emoções positivas ou com auxílio divinal,
a sua fonte de inspiração/motivação e plasticidade, pois adaptar-se é preciso
também. Inspirem e motivem suas crianças, jovens, seus alunos. Não sejam o
vazio espelho de Narciso que mata ao levar ao fundo do fracasso, mas sejam o
eco da razão e do raciocínio que se projeta e se agiganta pela reverberação nas
montanhas internas do outro. Plantem boas ideias e sentimentos nos seus alunos,
para assim, colhermos um mundo melhor feito por estas crianças e jovens
inspirados/motivados, que, certamente, moverão os moinhos da mudança.
E aqui, ao final deste discurso, espero que se sintam um pouquinho mais
inspirados/motivados, seja dentro de uma sala de aula ou na vida fora dela. Meu
muitíssimo obrigado!
*Discurso apresentado no dia 22/02/2017 na colação de grau do PREFOP R da FAESP no Teatro Madre Esperança Garrido.
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