Quantos
corpos eu vi em vida?
Quantos
com horrendas feridas?
Quantos
com a pele nata intacta?
Em
quantos corpos eu fiz a abertura?
E
em suas entranhas fui à procura
Da
causa da morte sem lisura ou sutura?
Lesão
por objeto perfurocortante,
Parada
cardiorrespiratória, suicídio,
Morte
natural. O fim sem condicional.
O
quê me é a vida, se não um amontoado
De
corpos em espera? O quê me será a morte,
Na
qual, sou doutor, hoje. Serei um pássaro sem voo?
Outro
corpo em espera na gaveta?
Uma
alma sem ofício físico?
Um
legista sem a legitimidade das leis dos mortos?
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