sexta-feira, 4 de março de 2016

POESIA - AUTOERÓTICO - THIAGO LUCARINI



FOTO: Thiago Lucarini

Toco o papel
Silente ofício
(de desejo sem culpa)
Desta caneta fálica
(criativa e sôfrega)
E seu útero branco.
Toco a folha
(receptiva e exalante)
Com as pontas gentis
Dos dedos cálidos
(ela se abre encantada)
Inicio este vai e vem
De memórias e fatos
(ritmados e devassos)
Introduzo tanto de mim
(ereto e sensível)
Me entrego completo
Indo ao insidioso fundo
Deste papel apertado
Rompendo o hímen de celulose
(o bloqueio abre as portas)
Gozo no fim para mim
(e outros tantos observadores)
Voyeur de palavras
Com essa escrita autoerótica,
Masturbatória concepção
De ideias líquidas pousadas
Peroladas no papel berço
(seiva das estrelas da imaginação)

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