quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

POESIA - TRANS - THIAGO LUCARINI



O amor virou-me a face.
Ignorou-me. Deixou-me só,
Tão só. Somente. Eu.

Não me encaixo
No quadrado,
No retângulo,
No círculo,
No triângulo,
No escudo e lança de Ares,
Ou no espelho de Afrodite.

Qual tamanho mal
Fiz eu ao mundo?

O amor é um puto
Que dificilmente
Se vende a mim.

Subo montanhas e salto
Desta altura medíocre, mundana,

Para cair tão longe, tão longe,
Do afetado normal social,

Mas sempre acabo
No meio do buraco
Para o qual me apontaram.

Porém resisto e brilho.
Brilho em manifestação.
Brilho, em virtude, da recusa
De derramar qualquer lágrima.
Brilho na noite mais escura, a qual,
Tão bem construíram para mim.

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