sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

POESIA - IDA AO SEX SHOP - THIAGO LUCARINI



Foram três meses de dura preparação
Para criar coragem e apimentar nossa relação.

Não queria que ela soubesse, e por isso,
Fiz tudo escondido, olhei sites e artigos.

Liguei, pesquisei, até pensei em fazer
O pedido pela internet, mas queria a prova teste.

Enfim, tomei atitude, em plenitude, liguei e marquei
Com a atendente daquele que mais me agradei.

Na cabeça do tímido estava resolvido: “Sou fodão.”
Mas quanto mais perto do sex shop chegava,

Mais frio eu suava, o coração por um fio
De tão acelerado. Fui forte, não desisti,

Entrei. Primeiro contato, relação agradável,
O coração desacelerou, comprei o que queria,

E o papo depois dos assuntos e apetrechos de putaria,
Voltou morbidamente para a calmaria do dia a dia.

Fui-me embora, a direção apontada por uma constelação de falos
E vaginas de plástico que prometiam uma performance agradável.

À noite veio me preparei todo para a surpresa dela,
Porém quando viu as velas, óleos, algemas e fivelas,

Ela saiu correndo de medo, escândalo e pânico.
Minha amada revelou-se mais ordinária que o papo do sex shop.

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