quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

POESIA - O URUBU E A CHUVA - THIAGO LUCARINI



 Voa alto o urubu
Avaliando a vida

Em busca de morte.
Sob o sol mormacento

Vê falsas convicções caírem,
Vê alicerçarem-se razões óbvias.

Vê os homens trôpegos,
Mas por estes não se interessa,

O urubu vigilante espera
Apenas carniça sincera.

No início da tarde o céu se fecha,
E continua o urubu com fome severa

Entra de luto seu estômago,
Sede abate seu ânimo altivo.

Nuvens carregadas manifestam-se.
Rapidamente chove sobre o urubu

Matando sua sede indefesa. 
Só a chuva pura para lavar

Sua negritude indissolúvel.
Segue fundido ao céu de chuva

O urubu pleno de fome,
Porém sem sede, é deus.

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