Uma minhoca perdeu sua memória
Não sabia mais se ela era minhoca,
Cobra, corda, canudo, arame, fio, rolha,
Lombriga, vagem, bexiga fina, macarrão.
Andava a minhoca incerta da sua identidade
Perguntava-se por que motivo fugiu-lhe a memória.
A todos os desconhecidos que por ela passava
Questionava a minhoca se não pertencia a sua família.
Tudo que era comprido e roliço confundia a pobrezinha.
Desmemoriada, a minhoca se meteu em cada apuro.
Entrou num ninho de cobras pouco simpáticas e
venenosas,
Engalfinhou-se num doído rolo de arame farpado
E noutro de fedido fumo fumacento.
A minhoca vagou insegura até que achou
Uma colônia de férias de outras minhocas
Que a recebeu, e lhe disse, enfim, o que ela era.
Assim, como se fosse mágica, num clique revelador
A minhoca desmemoriada voltou a lembrar-se da sua
vida.
Feliz e completa foi-se embora
A minhoca com suas amigas da colônia de férias
Curtir novas praias sem se confundir outra vez.
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