sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

POESIA - MINHOCA DESMEMORIADA - THIAGO LUCARINI

Uma minhoca perdeu sua memória
Não sabia mais se ela era minhoca,
Cobra, corda, canudo, arame, fio, rolha,

Lombriga, vagem, bexiga fina, macarrão.
Andava a minhoca incerta da sua identidade
Perguntava-se por que motivo fugiu-lhe a memória.

A todos os desconhecidos que por ela passava
Questionava a minhoca se não pertencia a sua família.
Tudo que era comprido e roliço confundia a pobrezinha.

Desmemoriada, a minhoca se meteu em cada apuro.
Entrou num ninho de cobras pouco simpáticas e venenosas,
Engalfinhou-se num doído rolo de arame farpado

E noutro de fedido fumo fumacento.
A minhoca vagou insegura até que achou
Uma colônia de férias de outras minhocas

Que a recebeu, e lhe disse, enfim, o que ela era.
Assim, como se fosse mágica, num clique revelador
A minhoca desmemoriada voltou a lembrar-se da sua vida.

Feliz e completa foi-se embora
A minhoca com suas amigas da colônia de férias
Curtir novas praias sem se confundir outra vez.

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