segunda-feira, 7 de novembro de 2016

POESIA - SEPULTURAS NAS PUPILAS - THIAGO LUCARINI

Todo o passado está enterrado
Atrás das pálpebras dos meus olhos.

No centro das íris, no cerne das pupilas.
Ali, e tão-somente ali, posso encontrar

Tudo aquilo que um dia fui ou os resquícios
Que respingam o meu andar torto e sem gracejo.

As abertas janelas da alma são também as portas
Que encerram o que já passou, não há epitáfio, nem epifania,

Qualquer anunciação santa ou divina. Basta olhar no espelho
Para deparar-me com tudo, com as lembranças de cada dia.

Todos os acontecimentos, todos os sentimentos, toda a vida,
Sepultam-se na incógnita das pupilas, a cova mais perfeita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário