Nas agulhas do tempo
Fui desfazendo-me
Grão por grão
Do meu singelo açúcar,
Fui deixando de ser palatável,
Agradável ao social comum.
Azedei-me, pois perdi
Todo o refinamento,
Toda a branquitude cristalina
De um algo processado
A favor de outros gostos.
Ao ruir de toda doçura imposta
Descobri-me em mim, sincero.
Boa cana dura e resistente ao corte.
Longe das línguas das agulhas do tempo
Guardo, ainda, um pouco
De bom açúcar, mas este é poético,
E sirvo tão somente aos diletos.
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