terça-feira, 9 de janeiro de 2018

POESIA - AGULHAS E AÇÚCARES - THIAGO LUCARINI

Nas agulhas do tempo
Fui desfazendo-me
Grão por grão
Do meu singelo açúcar,
Fui deixando de ser palatável,
Agradável ao social comum.
Azedei-me, pois perdi
Todo o refinamento,
Toda a branquitude cristalina
De um algo processado 
A favor de outros gostos.
Ao ruir de toda doçura imposta 
Descobri-me em mim, sincero.
Boa cana dura e resistente ao corte.
Longe das línguas das agulhas do tempo
Guardo, ainda, um pouco 
De bom açúcar, mas este é poético,
E sirvo tão somente aos diletos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário