Há sempre um sentimento de desesperança em algo que se finda. Um café que esfria, ponto final na poesia, os créditos do filme, o crepúsculo no final do dia, o amor de dois amantes. Independente do que foi bom e prazeroso, parece-me haver um quê de pesar, de não repetência, luto por uma felicidade já passada, desconexão de continuidade, como se não fosse voltar a acontecer. É um tanto da preguiça de recomeçar a luta pela euforia, ou talvez, seja meu medo de despedidas ao humano ou mesmo pelo inanimado e poético das tangíveis margens cotidianas, medo de mergulhar nestas linhas de tempo feitas de ínfimos adeuses, o término da ação, parar o verbo em sua potência de ser na carne o instante de raríssima alegria. No fundo, não quero consagrar meus sorrisos ao nada desconhecido, poética morte, a este período que não é de felicidade ou tristeza, ócio emocional, fora do desequilíbrio normal e monótono da vida. Continuamente penso que aquele pode ser meu último café, minha poesia final, meu derradeiro amor. O engraçado e complicado é que toda esta momentânea melancolia passa ao raiar de um novo dia, contradizendo todo meu eu. E o ciclo de oscilação recomeça, sempre que algo inanimado, poético ou humano termina diante dos meus olhos.
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