O que me define, por vezes, é a mente coletiva ofensiva. Somos feitos a imagem e semelhança do outro 'melhor' sem ser. Adequações de padrões, de comportamentos, de formas, de fôrmas, do sorriso, da cor, de tudo o que gera individualidade e originalidade. Como ser feliz comigo mesmo sendo baixo, gordo, careca, pobre, negro, mulher, brasileiro. Por que eu deveria ser feliz sem todos os atributos de perfeição que me são diariamente expostos? Como não querer a vida de glória e beleza que tantos estampam nas cordas dos dias? Devo, obviamente, mascarar minha dor de dente, minha cabeça latejante, minhas costas doloridas, meus pés cansadas, minha fadiga de sustentar inverdades, uma vez que, qualquer deslize de fraqueza é pecado capital. Ignoro minha imagem única e busco muletas para amparar meu descontentamento e falta de humor nesta jornada de dissociar o que sou para assimilar algo que não me corresponde nem me faz feliz. Manter a felicidade artificial é um processo mutilador e torturante. Existem quantos sorrisos plásticos por aí que são feridas imaculadamente e assepticamente abertas? Quantos corpos definham sua verdade em agonia? Feito eu a imagem e semelhança de tantos, fico diluído, sou nada, provido de uma identidade inferiorizada que não tem eco algum dentro de mim. Oco, tento em vão preencher o meu vazio com tantos outros igualmente vazios, e assim, perecemos, pois nunca seremos capazes de fornecer completude um ao outro.
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