segunda-feira, 27 de março de 2017

POESIA - A VÉSPERA DAS VESPAS E DAS PERAS - THIAGO LUCARINI



Elas sabiam pelo tremor dos ferrões
Que o amanhã seria o derradeiro dia.

Não teriam gordos insetos por sobremesa,
Mas densas peras sobre a polida mesa.

Quem mandou fazerem ninho
Tão perto dos homens mesquinhos.

De véspera sabem que amanhã é tormento,
Perderam a última chance de irem para longe.

Muitas vespas vésperes radiantes de negror
Preferiram enforcar-se no arco-íris múltiplo.

A fruta pode até ser doce, mas o açúcar
É flagelo para as vespas, é pífio castigo.

E dolorosamente todo o vespeiro sabe de véspera
O horror frutuoso que as espera nas peras amarelas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário