Estou de permanente partida
Perdoem-me aqueles a quem
Feri, magoei e decepcionei.
Morre pequena a chama da vela
Escuto os sinos distantes,
Anunciam o descarte final.
Arauto do meu calvário findo.
Segui inabalável, até aqui,
Mas os sinos a cada batida
Vil e ominiosa me desfazem
Abalam os frágeis ossos do firmamento
Cedem rendidos meus pés entediados, pois
Não voltarão a se levantar jamais. Não há erro,
Defeito de perspectiva: se encerra uma vida.
Dentro, abismos desmoronam e se nivelam
Pela reverberação da boca do campanário
Para a boa morte não tenho
Cansaço ou rechaço, só resignação.
Arrebentam-se as cordas gastas da oração,
Nada de diamante ou nobre, fui pedra barata.
Desmancho-me ao som límpido dos sinos,
Rui o eu-templo rumo ao líquido silêncio dos ais.
Ao calar das santas 12 badaladas
Uma nova alma se erguerá aos céus.
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