segunda-feira, 13 de março de 2017

POESIA - 12 BADALADAS - THIAGO LUCARINI



Estou de permanente partida
Perdoem-me aqueles a quem

Feri, magoei e decepcionei.
Morre pequena a chama da vela

Escuto os sinos distantes,
Anunciam o descarte final.

Arauto do meu calvário findo.
Segui inabalável, até aqui,

Mas os sinos a cada batida
Vil e ominiosa me desfazem

Abalam os frágeis ossos do firmamento
Cedem rendidos meus pés entediados, pois

Não voltarão a se levantar jamais. Não há erro,
Defeito de perspectiva: se encerra uma vida.

Dentro, abismos desmoronam e se nivelam
Pela reverberação da boca do campanário

Para a boa morte não tenho
Cansaço ou rechaço, só resignação.

Arrebentam-se as cordas gastas da oração,
Nada de diamante ou nobre, fui pedra barata.

Desmancho-me ao som límpido dos sinos,
Rui o eu-templo rumo ao líquido silêncio dos ais.

Ao calar das santas 12 badaladas
Uma nova alma se erguerá aos céus.

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