Casei-me com uma mulher de alegorias,
De barulho, brilho e fogos de artifício.
Eu por outro lado, sou cachorro ingrato
Que não abana o rabo quando o dono chega.
Não é que eu a ame menos, apenas
Reservo-me o silêncio das ações.
Mas ela não quer isso, acha ruim
Um homem de pouco carnaval.
Ela quer que eu levante bandeira,
Ondule estandartes, faça um samba-enredo
Em sua homenagem, não para ter
Uma prova do meu amor para si,
Mas para esfregar o meu amor nas fuças alheias.
Ela acredita mais numa mentira de serpentina
Do que num amor, de fogo constante, que mantém
As cinzas aquecidas, mesmo depois da quarta-feira
falecida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário