sexta-feira, 3 de março de 2017

POESIA - QUIPROQUÓ - THIAGO LUCARINI



Em Distância morava Pobrinho.
Pobrinho amava Riqueza, mas

Riqueza era apenas uma interesseira.
Recusava toda investida de amor de Pobrinho.

Cansado da rejeição constante o homem 
Saiu à procura de um tesouro lendário,

Assim que o encontrasse, teria não só a glória,
Como também o amor de sua amada idealizada.

Meses depois Pobrinho regressou com largos sorrisos,
Parou no bar do Engasgo e tomou tudo o que tinha direito,

Anunciou aos quatros ventos a sua fortuna encontrada.
Antes mesmo de sair do Engasgo, Riqueza veio ao seu encontro,

Sem qualquer descrição, ela o beijou, e disse: “Eu aceito.”
Riqueza casou-se no dia seguinte, sem toda a pompa,

Pois estava com pressa de garantir seu futuro.
Após o casamento, Riqueza pediu a Pobrinho

Para ver o tesouro que encontrou. O esposo respondeu:
“Hoje não dá, amanhã te mostro, eu prometo.”

E assim o tempo passou. Todos os dias, Riqueza
Pedia a Pobrinho para ver a famosa fortuna

Fato que ele postergava sempre para o amanhã, trabalhando muito
Para manter sua interesseira esposa acomodada no luxo.

Finalmente, chegou o dia da morte de ambos.
Riqueza terminantemente questionou:

“Aqui neste leito de morte, rogo ao meu marido
Que me mostre o tesouro lendário que achaste tempos atrás.”

Pobrinho riu. Depois de tanto trabalhar, tornou-se verdadeiramente
Um homem rico, e sua esposa, ainda pensava no passado:

“O tesouro esteve a todo tempo bem debaixo do seu nariz,
Todas as manhãs o via ao olhar no espelho, meu tesouro sempre esteve contigo”

Riqueza correu ao espelho do banheiro e o olhou, procurou,
Por um instante nada notou, nada achou além do seu reflexo.

Perplexa, Riqueza voltou ao quarto, Pobrinho estava morto e em paz.
Ela deitou ao seu lado, e no seu ouvido pela primeira vez sussurrou.

“Eu te amo.” E em lágrimas, Riqueza, sua alma
A Deus Todo-poderoso entregou. Ficando toda a fortuna para os filhos.

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