segunda-feira, 13 de março de 2017

POESIA - O URUBU E A FAMA - THIAGO LUCARINI



Um dia foi o urubu
A mais bela ave a reinar

No alvo céu dos deuses.
Seletos grãos, boas frutas,

Só coisas frescas o urubu comia.
Todos os seres voantes

Desejavam ter semelhante
Potestade, majestade e glória.

O urubu embebido
Em vaidade queria

A cada dia estar coroado
Em declarada evidência

Uma tendência que em tragédia acabou.
Quanto mais cheia de fama a barriga

Do urubu ficava maior era o vazio
Que a ela assolava, era uma fome contrária.

No ápice da cegueira orgulhosa, disse:
“Belo sou sobre todos os seres incluindo os deuses!”

Ao escutarem tal sandice
Os deuses, até então, indiferentes

Condenaram o urubu a feiura capital.
O lustro negro de suas asas

Passou a ser arauto de morte e pavor
Perdeu todo o gracejo para ser carniceiro

E se arrependeu amargamente
Da nova fama que ganhou.

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