Heloísa trabalhava como atendente de
caixa naquela panificadora há algum tempo. Tempo suficiente para conhecer o
senhor Roland que comparecia a padaria diariamente apenas para tomar um
cafezinho. O senhor de meia idade ficava por ali, cerca de uma hora, e logo ia
embora. Todos os funcionários o respeitavam. Ele ficará viúvo a pouco mais de
um ano.
Todavia Heloísa sentia que o senhor a
olhava de uma forma diferente, nada que fosse ameaçador, mas sim, um olhar
gentil, de bondade, de acolhimento e reconhecimento. A garota, por sua vez, era
conhecida pelo olhar marcante, de uma cor azul intensa encantadora.
Um dia o Sr. Roland depois de tomar café
como de costume, entregou mil reais e cinquenta centavos a garota. Heloísa teve
um sobressalto com a quantidade exacerbada de dinheiro.
— O senhor me entregou dinheiro demais —
apressou-se em dizer.
— Está correto, minha jovem.
— Mas...
O Sr. Roland fez um gesto para que
Heloísa se calasse.
— Os cinquenta centavos são do café.
— E os mil reais?
— Uma gorjeta.
— Pelo que?
Seu Roland sorriu simpaticamente.
— Pelo infinito azul dos seus olhos, que
me lembram tanto os dela.
Sem delongas o Sr. Roland foi embora.
Heloísa guardou o presente, tocada e
agradecida com o gesto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário