Era uma mulher
vaidosa, gostava de cuidar do seu cabelo grisalho e cacheado, o espelho, a cada
dia, tornava-se mais seu amigo. Graciete, ao acordar, naquele dia, sentiu algo
diferente e viscoso sobre seu couro cabeludo. Levou a mão para coçar, mas
recuou com dor, pois sua mão foi queimada. Levantou às pressas e indo até o
espelho do banheiro. Desconcertada, viu que no lugar dos cachos vistosos, agora
estavam corós rechonchudos, peludos e listrados presos a sua pele. Eles se
esticavam e ondulavam, caminhavam até onde podiam, com suas patinhas pegajosas.
Desesperada, Graciete pegou uma tesoura e cortou um dos bichos, a dor foi tanto
dele quanto dela. Seu marido bateu à porta do banheiro. A mulher não ousou
abrir, seu nojo e asco, misturados ao pavor a paralisou. Em meio às lágrimas,
uma forte dor floresceu no seu peito. Graciete notou que os corós farfalhavam e
a encaravam com assombro, ela fechou os olhos e entregou-se a liberdade
vindoura.
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