Espantado, eu não
conseguia me mexer. Algo estava aos pés da minha cama. Na penumbra da
madrugada, eu via sua cabeça desproporcional, emoldurada por olhos vermelhos
assustadores, presa a um corpo diminuto.
Aquilo, seja lá o que
fosse, ante minha imobilidade, descobriu meus pés com nítido prazer. Abriu sua
bocarra com dentes finos e pontiagudos, e dela deslizou uma língua comprida com
protuberâncias rugosas. Saliva escorreu sobre meus pés. Eu tremia, e diante meu
desespero, a criatura abocanhou meus dois pés de uma vez só. Lambendo-os,
mordiscando-os. Até que eu senti uma dor insuportável. Sangue esguichou nas
paredes. O monstro mastigava meus pés com satisfação enquanto eu gritava,
perplexo.
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