O nariz e a boca
Formam campanários
Entupidos de algodão.
O enchimento macio e fino
Silencia os sinos invisíveis
E amortece as lágrimas.
O morto é catedral!
Se prestar bem atenção
Pode-se ouvir o coro de vermes
Começar a entoar cânticos:
— Liturgia da fome vencida —
— O choro da vida falida —
E o couro a ranger e estalar
Ante o pétreo rigor mortis.
Cada morto produz
Sua própria nênia,
Uma sinfonia dispensável
A qualquer ouvido vivo.
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