segunda-feira, 24 de abril de 2017

POESIA - BARQUEIRO - THIAGO LUCARINI




Era o último dia.
Pegou o remo,

Uma rosa branca,
Entrou no barco

E partiu rumo
Ao horizonte.

O barqueiro
Remou até

Os braços doerem.
Ao chegar à borda do fim

Parou e contemplou
O sol poente que banhava

A face cansada antes de ir dormir.
Naquele instante de entrega

O barqueiro soltou o remo e fez
Um furo no meio do barco e viu

As águas mansas entrarem
E calmamente se alegrou.

Sorriu ele pela última vez
E junto àquele que guiou

Por uma vida inteira, partiu.
Sobrou sobre o liso oceano

Uma rosa branca,
Uma lágrima da terra,

Marcando o túmulo
Do corpo sepulto do barqueiro.

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