segunda-feira, 24 de abril de 2017

POESIA - BABACÃ, MEU JARDIM DE FLORES DE PAPEL - THIAGO LUCARINI



Plantei um campo de flores de papel
Num prado de nuvens ilusórias.
Minhas flores fantasiosas
Têm o cheiro de livro novo
Sabor de tenro brigadeiro
Brilham amarelas e brancas
E têm a mordaz acidez de um vespeiro.
Porém, estas flores raras e falsas, se revelaram
Estéreis, assim como toda mentira bem feita.
Tomado de fúria taquei gasolina
Em Babacã. Com meus dedos débeis
Acendi o fósforo da revelação e deixei-o cair
Incendiei meu campo de frágeis flores de papel
As nuvens ilusórias se encharcaram
De decepção. Levadas pelo fogo
Choveram cinzas sobre mim.
Fora extinto meu campo de flores de papel.
Hoje, aprecio, com calma engrossada
A graça da beleza transitória, animada.
De eterno fico apenas com o pensamento.   

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