sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

POESIA - ALIEN, SUPERNOVA DA VIDA E TERRENA UNIVERSAL - THIAGO LUCARINI

Veio de longe,
Das terras do espaço sem fim
Além da Andrômeda coroada
Será que veio de tão longe por mim?

Estranho, sobrenatural
A vida desabrocha nos recôncavos
Cândidos do universo em
Explosões atômicas, cômicas, cósmicas.

Disco rígido imaginário, estático, quebrado
A vida não é estacionária, nem passageira, placa-mãe
Não se fixou em raízes únicas, seus galhos crescem
Pelo sistema, deve ter frutos a mais, separados da Terra.

Gravitacional, bilateral
Ignorância e descobrimento, fora de órbita
Navegação ao infinito, sem prova ou convencimento
Acima de qualquer santuário desconexo, sem nexo.

Roda celeste, espaçonave, elegia
Da conjunção divina, feitiço marciano
Cigano, humano abstrato
Sem extrato bancário diário do espaço.

Estrelas derramadas na Via Láctea
Discos voadores, sondadores, sonhadores
Da existência terrena, olhos grandes e curiosos,
Aliens seriam verdes? Marrons? Invisíveis?

Teriam um só coração ou múltiplos?
Será que podem amar, nestes tantos corações?
Vêm de longe, mas sem pressa
Estou aqui ávido pela descoberta.

Humanoides, multiformes
Braços, tentáculos, auréolas, chifres
Dariam-me um abraço ou morte?
Possibilidades sem qualquer prumo ou norte. 

Amigos? Inimigos? Indiferentes?
Não sei como nomeá-los, rastreá-los
Num encontro causal, nas areias do cosmo
Será eu, o alien, ou eles?

Primazia, azia sentimental, dança de poderes
De um lado, leitura da mente, lasers
Do outro, o encanto humano, soberano, singular
Mas, por hoje, sem competição, só diálogo à beira mar.

Façamos nosso castelo no ar, neutro, sob o luar
Amar, vigiar, o continente inexistente, pendente.
Além-existências extraterrestres enfeitemos
O firmamento com Ovinis ou ovos de Páscoa?

Faremos festa? guerra? Questão pra outra hora
Seresta de estrelas cadentes; chegam os convidados
Sol rachado, lua pálida, olhos da galáxia em vigília
Abdução: confraternização de criaturas puras.

Lhes mostrarei nossos costumes,
Sofreres, alegrias e perfumes
Iremos à feira, brasileira, comer pastel
Enquanto me oferece um néctar do céu.

Seres distantes, aliens, ETs
Que marcham sobre a vastidão do tempo,
Nos trilhos das estrelas, na esquina do Universo,

Estamos nós, a Terra, a espera, do surreal.

* Poesia publicada originalmente na coletânea Contatos Imediatos de Primeiro Grau, Darda Editora, 2016.

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