Água
suja brota
Dos
límpidos olhos
Ah,
antítese maluca
Como
pode algo imundo
Originar-se
de algo limpo?
Como
pode a vida ser tão contrária?
Retardatária
em tantos aspectos?
Abre-se
mais espaço a vida
Exercendo,
o universo, o ofício de morte.
Para
chover é necessário o rio secar.
Para
pintar-se de boas cores
Primeiro
é preciso descolorir-se.
Água
suja brota
Dos
límpidos olhos
E
brotará até o dia em que
A
enxurrada se converterá, enfim, em manancial.
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