sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

POESIA - ÁGUA SUJA - THIAGO LUCARINI

Água suja brota
Dos límpidos olhos

Ah, antítese maluca
Como pode algo imundo

Originar-se de algo limpo?
Como pode a vida ser tão contrária?

Retardatária em tantos aspectos?
Abre-se mais espaço a vida

Exercendo, o universo, o ofício de morte.
Para chover é necessário o rio secar.

Para pintar-se de boas cores
Primeiro é preciso descolorir-se.

Água suja brota
Dos límpidos olhos

E brotará até o dia em que

A enxurrada se converterá, enfim, em manancial.

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