Tudo está dentro do seu espaço, tudo devidamente organizado. A alinhada mobília da casa reflete meu interno desarranjo. Dar ordem às coisas inanimadas é manter saudável meu pensamento móvel. A bagunça abiótica no meio biótico não é tolerada, pois é fiel demais ao retrato do eu. Toda a mobília segue fixa as correntes do que sou, possui âncora, solda fixa nos pés, mudar é perigoso, posso acabar desfazendo algo conhecido de mim, uma vez que, estou solidificado a sensação de rígido controle. Não sei mais se faço parte ou não da decoração introspectiva e minimalista, vã tentativa almejar decifrar este ser ou não ser em palavras novas, a reposta já não importa, pois toda a alegoria é disfarce instável para o ensaio de dominar a imprecisão que insiste em querer florescer. Cada coisa tem seu espaço na casa, pois encerra em si uma verdade escondida além dos furos e poeira que vão acumulando neste falso ordenamento que imponho ao jardim estéril da mobília desmembrada que sou.
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