Angelina
foi uma garota boa
Mas
cresceu sob o julgo perverso
Oprimida
perdeu suas pétalas de inocência
Comparada
com a beleza alheia
Perdeu
a imagem própria, e
Desenvolveu
o vazio vermelho
Seu
coração sangrou lágrimas.
Angelina
cresceu; agora mulher
Encheu
a taça do desespero
Colecionando
tristezas
Passou
a viver em função dos outros
Solitária
e perdida, o vazio nunca enchia
A ferida escarlate crescia a cada dia
Ela
não se achava nos padrões
Não
gostava da própria forma espelhada
Pobre,
Angelina
Prego
martelado pela vida entortou
Tornou-se
uma prostituta da aceitação.
Vendeu
sua alma ao nada
Por
uma moeda velha e enferrujada
Esqueceram
de lhe contar
Que
a perfeição é fruto da utopieira.
Servindo-se
do que a vida lhe deu
Tal
como a humanidade se servia dela
Doce
e amena conforme a exigência
Assim
Angelina se moldava
Vendedora
de sonhos e fantasias
Certo
dia olhando-se no espelho
Desnuda
de maquiagem e de roupas exuberantes
Notou
que tinha mudado
Estava
diferente
Viu
uma imagem refletida de si mesma
Que
a muito tinha sido apagada de sua mente
Algo
dentro dela, fazia-a recordar
A
essência, o encanto
Que
perdera prematuramente
Dentro
dela gerava um ser,
Uma
vida, fruto da utopieira
Comido
há tempos atrás
Angelina
destemida e encorajada
Arregaçou
as mangas do seu vestido
Pegou
um machado
Correu
para o campo-vida
E
derrubou vorazmente a utopieira
Cansada,
suada, mas feliz
Deixou-se
cair na grama verde
Contemplou
o céu azul infinito
Pela
primeira vez na vida
Estava
em paz.
1.
Utopieira:
árvore da utopia, responsável por gerar os frutos da ilusão.
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