quarta-feira, 15 de novembro de 2017

POESIA - PÁLIDO HALO DE ÚLTIMA INSTÂNCIA - THIAGO LUCARINI

Invejo os mortos
Ali no caixão deitados
Tão pálidos e serenos
Sem culpa ou remorso.
Deixaram a vida
Não devendo nada a ela.
Perante a morte são eternos
Sem lágrimas sem dor
Pois tudo isso ficou aos vivos.
Nenhum morto é mau
Nenhum morto é bom
Nenhum morto é neutro.

Os mortos nada dizem
Nada condenam
Nada pedem.
Ah, os mortos vestidos de cova
São belos e enigmáticos
Coroa de flores
Pálido halo de última instância
Em breve auréola posta.

O morto no fundo de sua boca muda
Sorri, uma vez que, para ele
Não há mais tristeza
Somente a alegria da eternidade
Iniciada no cerrar dos olhos.

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