A roupa posta
No dispensável morto
Não o esquenta.
Também não precisa
O morto de gentil calor
Ou de roupas ou de flor.
Tudo é enfeite posto
No morto, disfarces da morte,
Do frio, das lágrimas, do verme.
Pasmem! A roupa não esquenta
O morto nem o caixão nem o coração.
Sereno permanece o morto nu da vida.
Desvelem os segredos e acessórios,
Anjos ou demônios nada vestem.
Por que o morto deveria tapar o seu milagre?
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