O menino segue a rua
Chutando uma lata velha
Que tilinta no asfalto.
O menino chuta a lata
Que vazia, quica, se amassa
E é chutada novamente
Deixando escapar seus sons
De bela agonia, depois de ter
Todo o seu conteúdo roubado.
Seu corpo oco é maltratado,
Abusado por um moleque qualquer
Num dia feliz e quente de verão.
O menino vira homem.
O homem segue a rua.
Antes nos vales da inocência, a lata,
Era apenas isso, uma lata, sem simbolismo.
Hoje, ele chuta o objeto descartado,
Porém a lata velha com o peso
Da vida cotidiana, sem a fantasia
E a doçura da infância, representa
Sua própria vida: sucata sendo chutada
Pelos seus pés calejados, fracos, fartos do caminho
Que não leva a lugar algum. O verão se foi e sua vida
Não é mais que um pobre objeto abusado e amassado.
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