Sou cansado de muitas maneiras. Não é preguiça, que fique claro. Dizem que me falta paixão, me sobra desilusões, que sou jovem demais para todo este desânimo e apatia. Sinto-me podre, desconectado na maioria dos dias destes meus vinte e poucos anos, como se a felicidade fosse pertencente a todos ao meu redor e tangencial ao eu, se porventura, tenho um dia alegre, estranho. Gostaria de saber o que os mais velhos que eu fazem, que se apresentam tão bem, plenos e inteiros em si. Não é falta de realizações, considero que tenho minha cota de conquistas, talvez, eu pense além do necessário, isso, pode ser um mal, analisar a vida friamente, sem apreciar certas futilidades e inconstâncias. Pior é que sou assim desde sempre, meio azedo com tudo. Invejo aqueles leves de alma, sempre sorridentes, amigos de todos, quando eu duvido de tudo e principalmente de mim. Talvez me falte Deus, amor, grata ilusão.
Nunca me achei no frescor da jovialidade, sempre fui maduro demais para a minha idade, conversava com os distantes, ignorava os iguais. Pouca paciência ao despropósito. Certamente, este me foi o grande defeito dado: estar maduro, pronto (se é que isso existe) antes do tempo. Meu olhar é feito de pesos, de medidas, de ponderações tantas, de controle absurdo. A linearidade me queima a alma. Ser inconsequente me é fascínio longínquo. Não bebo nem me drogo, para não abrir mão dos limites da tensão, apesar de, por vezes, parecer-me encantadoramente tentador. Por um dia, queria me desligar, achar esse desprendimento, ou no futuro, ser um estranho Benjamin Button e encontrar a liberdade e aliviar o ranço, quando, enfim, de fato, estiver velho.
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