segunda-feira, 12 de junho de 2017

POESIA - A MÃO DA MINHA SINA - SILÊ & THIAGO LUCARINI




Imagine galinhas no quintal
O dono delas joga o milho que deseja

Como boa e barata refeição.
Cabe as galinhas questionarem

O produto comestível escolhido?
Será que ele tão bem as satisfaz?

Somos galinhas perdidas,
Nosso dono, a mídia,

Enfia-nos goela abaixo
Roupas caras, carros, celulares

Só o melhor lixo
Do escravo mercado.

Ao olhar de baixo para cima
Que mão determina nossa sina?

A mão que nos alimenta
É a mesma que nos representa?

Determina o sistema
Manda e desmanda e algema

Não há quem detenha
As amarras deste esquema.

Como galinhas olhando para os pés
Não enxergamos nada à frente.

Catamos humilhados todos os grãos
Permanecendo dependentes e agradecidos.

Migalhas para papos e mentes vazias
Quem escolhe o que come?

* Silê é o pseudônimo da poetisa, Elis Regina de Oliveira.

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