Imagine galinhas no quintal
O dono delas joga o milho que deseja
Como boa e barata refeição.
Cabe as galinhas questionarem
O produto comestível escolhido?
Será que ele tão bem as satisfaz?
Somos galinhas perdidas,
Nosso dono, a mídia,
Enfia-nos goela abaixo
Roupas caras, carros, celulares
Só o melhor lixo
Do escravo mercado.
Ao olhar de baixo para cima
Que mão determina nossa sina?
A mão que nos alimenta
É a mesma que nos representa?
Determina o sistema
Manda e desmanda e algema
Não há quem detenha
As amarras deste esquema.
Como galinhas olhando para os pés
Não enxergamos nada à frente.
Catamos humilhados todos os grãos
Permanecendo dependentes e agradecidos.
Migalhas para papos e mentes vazias
Quem escolhe o que come?
* Silê é o pseudônimo da poetisa, Elis Regina de Oliveira.
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