segunda-feira, 6 de julho de 2015

POESIA - FORMIGA ZUMBI - THIAGO LUCARINI





Fui uma boa alma
Formiga operária
Trabalhando em prol da colônia.
Mas quis o destino funesto
Que meu corpo fosse invadido
Muitas orações, sem perdão.
Fungo parasitário, maldito
Ophiocordyceps unilateralis
Procuro cantos escuros e frios
Sou uma extensão involuntária e inerme do dominador
Sem controle autônomo
Meus pensamentos têm novo dono
Não comando mais meu cérebro
Semente do mal, esporos o infestam
Assim como toda a minha carcaça.
Sou comida de dentro para fora
Cadáver ambulante
Zumbi em germinação unilateral.
É o fim, em poucos dias morro de fato,
Vencida, sem vontade própria.
Como presente de submissa formiga:
Cérebro substrato. Ganho uma flor única,
Fúngica que saí de dentro da minha cabeça.

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